sábado, 26 de julho de 2014

Série de contos curtíssimos. A fuga.


Havia vincos no rosto daquele homem que anunciavam suas partidas. As horas, os minutos e os segundos escorriam nas rusgas de seu tímido semblante, marcado por metáforas áridas e fugas inebriantes. Ao escapar, seu movimento era selvagem como o de um guepardo faminto. Nesses momentos não lhe ocorria qualquer ínfimo pedaço de compaixão. Atropelava tudo e todos pelo feroz desejo de desaparecer em ondas de poucos segundos de prazer. O prazer de não precisar voltar. O prazer de se comprazer com a eletricidade de seu próprio corpo. O prazer de não ser para mais ninguém.   

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