quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Paula que te quero Paula Távora

Eu cresci te enxergando como a maior mulher do mundo. Gostava de observar seus quebra-cabeças, a sua letra tão bem desenhada nos cadernos de estudo de medicina, a sua voz rouca e o seu destemor de ganhar o mundo. Cresci querendo ser um pouquinho como você. Um dia já grande ouvi você falar que eu, quando criança, era tímida e quieta. Eu me lembro de gostar de ficar no meu mundinho. Isso era lá verdade. Hoje, talvez seja mais tímida não, mas digamos que mora em mim uma simpática à mineira. Sou muito para poucos e bem pouco para todos. Mas coisa curiosa é que junto de você a timidez toma meio que conta e volto a ser a menina de cantos, feita pra admirar. Tem gente que foi feitinha mesmo pra ser admirada. Porque até na dor, na mais lancinante dor, que é a de não poder sonhar com o futuro, você continua pra mim a maior mulher do mundo, nos seus quebra-cabeças de tantas outras peças, na sua letra que desenha agora... vacinas, na sua voz rouca, que hoje nina minha filha, no seu destemor de fazer sua segunda filha ganhar o mundo. E com você por perto eu tenho “Bençãos”.
Pra você, poesia do meu poeta das horas em que a minha alma pede toques surreais de vida, Manoel de Barros.
As bênçãos
Não tenho a anotomia de uma garça pra receber
em mim os perfumes do azul.
Mas eu recebo.
É uma bênção.
Às vezes se tenho uma tristeza, as andorinhas me namoram mais de perto.
Fico enamorado.
(Mari)

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